AGIF reforça bolsa de especialistas nacionais
Na sequência dos incêndios de 2017, os relatórios da Comissão Técnica Independente I e II (CTI) identificaram como pontos críticos de mudança a qualificação dos agentes e falta de aplicação de conhecimento no planeamento e nas operações.
A Resolução do Conselho de Ministros n.º 157-A/2017, de 27 de outubro, e a consequente criação da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (Decreto-Lei n.º 12/2018, de 16 de fevereiro) vieram consagrar a constituição de uma bolsa de peritos, que permitiria, no curto prazo, contribuir para a superação das lacunas identificadas.
No primeiro ano do programa identificaram-se potenciais países parceiros (EUA, Espanha, Chile, África do Sul, Austrália/Nova Zelândia, Canadá), estabeleceram-se relações de cooperação técnica, que se consolidaram com o acolhimento de 20 peritos.
O Programa de Intercâmbio teve, em 2018:
Origem | N.º peritos | N.º dias | N.º ações | N.º participações | N.º entidades participantes | N.º participantes dessas entidades |
Canadá | 1 | 5 | 4 | 200 | 10 | 4 |
Mecanismo Europeu | 3 | 21 | 12 | 264 | 6 | 6 |
África do Sul | 4 | 44 | 22 | 130 | 19 | 19 |
CONAF | 7 | 29 | 85 | 1312 | 6 | 6 |
EUA | 2 | 37 | 19 | 333 | 51 | 51 |
FFMG | 2 | 32 | 23 | 250 | 6 | 6 |
Total | 20 | 169 | 166 | 2492 | – | 95 |
Tabela 1 – Quadro resumo fluxo de inbound
No decurso do ano e fruto das parcerias que foram sendo implementadas surgiu a oportunidade de proporcionar a profissionais portugueses a visita a projetos e entidades estrangeiras:
Origem | N.º participantes | N.º dias | N.º entidades participantes |
EUA | 11 | 6 | 10 |
Espanha | 4 | 2 | 4 |
Finlândia | 14 | 2 | 11 |
Total | 29 | 10 | – |
Tabela 2 – Quadro resumo fluxo de outbound
Através deste programa foi possível alcançar quase 2500 participações de interessados e especialistas nesta matéria, através de 166 ações de formação, que foram realizadas tendo em consideração a necessidade de uma ampla cobertura geográfica e permitiram o contacto com novas metodologias e processos, acesso, pelos formandos e instituições, a conhecimento consolidado em apresentações, manuais e relatórios de missão.
O programa teve um forte apoio do MNE e das Embaixadas de Portugal no Chile, EUA, Austrália, Brasil, Argentina e Finlândia e das Embaixadas al, do Canadá, EUA, África do Sul, Chile e Finlândia em Portugal, bem como dos respectivos parceiros institucionais, CONAF, I, US Forest Service, CalFire, FFMG, Kishugu, MAPAMA e DGECHO (Comissão Europeia).
Destaca-se a disponibilidade da União Europeia para, através do acionamento de um módulo de assistência técnica experimental, apoiar o esforço que tem vindo a ser feito por Portugal em matéria de prevenção e combate de incêndios. De realçar ainda as parcerias e apoio financeiro da FLAD (Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento), que permitiu a vinda de duas especialistas norte-americanas, e do Turismo de Portugal, que tornou possível a realização de um projeto de envolvimento das comunidades estrangeiras e hoteleiras numa dinâmica de sensibilização de comunidades para medidas de autoproteção.
Cada missão produziu um relatório, cujas recomendações foram difundidas pelas entidades portuguesas. Foram ainda recolhidos e incluídos neste relatório as observações de cada entidade de acolhimento (GNR, ANPC e IPMA) para a melhoria do programa nos próximos anos.
A ciência do fogo é aplicável de igual forma em todo o mundo, os desafios, com as alterações climáticas, são globais e prementes para a maioria dos Estados, pelo que também as soluções podem ser partilhadas e difundidas.
O programa de intercâmbio revelou ser um meio fundamental para a introdução de conhecimento especializado nas várias componentes do sistema, pela inclusão de especialistas nas diversas disciplinas da prevenção e do combate, particularmente no comportamento e supressão do fogo e na organização logística, conforme as prioridades apontadas pela CTI.
A gestão do programa pela AGIF e a colaboração das entidades do SGIFR identificaram áreas de melhoria na coordenação e alinhamento do programa com o futuro Programa Nacional de Qualificação e Capacitação dos Agentes do SGIFR e na diversidade de abordagens formativas e pedagógicas.
Em função dos resultados desta experiência, em 2019 estão a ser desenvolvidas iniciativas de formação de profissionais portugueses, através de visita a Espanha e Chile e ações de capacitação ministradas por especialistas internacionais em Portugal.